Projeções da inflação atingem o dobro da meta para 2022

A alta do petróleo e dos alimentos causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia segue pressionando os preços internacionais das commodities. No Brasil, as projeções para a inflação atingiram um patamar de 7%, equivalente ao dobro da meta para este ano. A nível global, as matérias-primas em dólar apresentaram um salto de 15,2%, gerando ainda mais dificuldades para o controle de preços e da taxa básica de juros no Brasil.
Analistas entrevistados pelo jornal Estadão estimam o aumento de um ponto percentual da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que ocorre nos dias 15 e 16 de março. O crescimento – de 10,75% para 11,75% – atingiria o maior nível dos últimos cinco anos. Ainda assim, com os desdobramentos da guerra entre os dois países do Leste Europeu, este índice pode ainda não ter atingido o seu pico para 2022.
Entre os causadores desta revisão está o impacto do conflito sobre o preço de grãos e do petróleo, os quais afetam diretamente o IPCA. Atualmente, a Rússia é responsável por 11% das exportações de petróleo. Junto com a Ucrânia, os dois países somam 28% das exportações de trigo e 20% de milho, afetando a cadeia global de produção.
Segundo o chefe de Economia e Estratégia do Bank of America (BofA) no Brasil, David Beker, os efeitos na economia devem ser sentidos no final do primeiro semestre de 2022 no IPCA. Com a volatilidade no preço do petróleo no cenário atual, as projeções mais pessimistas chegam a estimar a Selic a 14%. Desde o início da guerra, há duas semanas, o petróleo já apresentou alta de 20,55%. Durante o período, a commodity teve sua maior cotação desde 2008, chegando a quase U$140.