Investimentos de empresas dos EUA no Brasil subiu 230% na última década, diz CNI

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mapeou dados relevantes sobre as relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos, diante da sobretaxa de 50% das exportações brasileiras aos Estados Unidos, que se iniciam em agosto deste ano.
Segundo a pesquisa, os investimentos das empresas dos Estados Unidos no Brasil tiveram um crescimento de 228,7% nos últimos dez anos. Além disso, o mapeamento apontou que pelo menos 70 empresas brasileiras possuem investimentos produtivos nos Estados Unidos.
Na avaliação da CNI, a parceria entre os países contribui diretamente para o crescimento e a geração de empregos em ambas as economias. “Brasil e Estados Unidos sustentam uma relação econômica robusta e estratégica, alicerçada em comércio, investimentos e integração produtiva”, diz o estudo, que avalia as duas economias como complementares. Na última década, os insumos produtivos representaram, em média, 61,4% das exportações e 56,5% das importações brasileiras.
Ainda segundo o levantamento, apenas no ano de 2024 foram gerados 24,3 mil empregos no Brasil a cada R$1 bilhão exportado ao mercado estadunidense, gerando um amontoado de R$531,8 milhões em massa salarial e R$3,2 bilhões em produção no Brasil.
Além disso, a indústria de transformação representou uma média de 82% das exportações brasileiras para os Estados Unidos e 90,3% das importações vindas dos Estados Unidos. A tarifa média aplicada pelo Brasil a produtos vindos do país norte-americano ficou em 2,7%. Os Estados Unidos também são o principal investidor no Brasil, assim como o principal destino dos investimentos brasileiros no exterior.
BFC COMENTA
IMPACTOS DO TARIFAÇO
No curto prazo, as sobretaxas geram grande preocupação entre empresários de setores exportadores, que perdem a visibilidade em relação aos seus contratos com compradores americanos. As empresas são obrigadas a se movimentar, correndo para encontrar mercados alternativos, pois seus produtos perdem competitividade no mercado americano, comprometendo o fluxo de caixa.
No longo prazo, a incerteza jurídica prejudica qualquer plano de investimento bilateral, pois machuca a confiança dos investidores, que tendem a buscar ambientes estáveis. Quanto mais incerteza, menos investimento, com a exceção dos investimentos especulativos, que são, por natureza, de curto prazo e pouco benéficos.
ALTERNATIVAS PARA O SETOR INDUSTRIAL
O mercado asiático é uma alternativa em destaque. Países como China, Índia, Indonésia e Vietnã oferecem grandes populações e demanda crescente por bens industriais. A China, por exemplo, é o maior parceiro comercial brasileiro, totalizando cerca de 30% de nossas exportações em 2024. A Índia tem a maior população do mundo e um PIB que cresce a uma taxa anual superior a 5% ao ano. Já o Vietnã está em pleno processo de industrialização, recebendo inúmeras fábricas que migraram da China nos últimos anos em busca de menores custos de mão de obra.
Também vemos uma oportunidade para aprofundar acordos comerciais com a União Europeia e países latino-americanos. O acordo Mercosul-UE, caso avance, pode ser decisivo.
Finalmente, o próprio mercado interno pode ser uma alternativa para alguns produtos.
COMO A BFC APOIA AS EMPRESAS NESTE CENÁRIO
O momento exige resiliência e planejamento financeiro, e a BFC está preparada para apoiar seus clientes por meio de:
- Antecipação de recebíveis de exportação: Trabalhamos com diversas empresas exportadoras, apoiando seus fluxos de caixa por meio de operações financeiras transfronteiriças. Com uma equipe multilíngue e know-how internacional, ajudamos empresários a anteciparem contratos de venda para compradores de diversos países, cuidando do câmbio e formalização jurídica.
- Linhas de capital de giro estruturadas: Estruturamos linhas de capital de giro com prazos e carências adaptáveis, dando fôlego a empresas em processo de reconfigurar seus ciclos comerciais neste momento de incerteza.
- Consultoria estratégica: Além de ajudar nossos parceiros a estruturar operações financeiras que melhor se encaixam na sua estrutura de capital, estamos à disposição para ajudá-los a pensar em novas estratégias comerciais e operacionais que possam ajudá-los a mitigar os impactos das tarifas americanas.