Dólar recua mesmo diante do cenário de crise. Entenda

Apesar da escalada da tensão entre a Rússia e a Ucrânia ter o poder de impactar o mercado internacional, o valor do dólar em relação ao real atingiu o menor valor desde 1º de julho de 2021. Ao longo do ano, o recuo da moeda norte-americana já atingiu um patamar de 9,36%, fechando ontem (22) em R$ 5,05 – totalizando uma queda de 1,07%.
Em entrevista ao jornal Estadão, o economista e pesquisador Lívio Ribeiro avaliou que o fortalecimento da moeda brasileira em relação à norte-americana pode ser explicado pela alta dos preços das commodities, que tiveram uma alta em dólar de 13,5% nos últimos meses. O movimento de aumento de preços das matérias-primas em dólar no mercado internacional acarreta em uma valorização da moeda do país exportador, que recebe mais pelas vendas externas, o que vinha acontecendo recentemente no Brasil.
Outro fator de influência tem a ver com a alta dos juros: com a Selic em 10,75%, o país atraiu uma entrada de recursos externos, o que ajudou a derrubar o valor do dólar.
Risco permanece alto
Apesar do fortalecimento do real, a leitura dos especialistas no momento é a de que a iminência de uma crise internacional gerada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia acarrete em mais risco, criando uma tendência de fortalecimento do dólar. Ainda em entrevista ao jornal Estadão, o economista Sergio Vale analisa que este cenário de queda “não parece sustentável”, havendo espaço para depreciação do real – incluindo na conta os riscos eleitorais esperados para o ano de 2022.
Previsão de alta para o fim do ano
O último Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (21), estima que o dólar deve ser cotado em R$ 5,50 em 2022 – em relação a R$ 5,58 da última estimativa. A análise do mercado segue apontando para uma escalada da inflação no país, ampliando a previsão de 5,50% para 5,56% neste ano, acima da meta do Banco Central (BC) para o índice de preços. O momento é favorável para o investidor que recebe juros, dado que a previsão é de que a Selic permaneça em alta, com estimativa de 12,25% para 2022.