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Em decisão unânime e já esperada pelo mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (17), mantém a taxa no maior patamar em quase 20 anos, comparável ao nível de julho de 2006.

A justificativa do Copom para a manutenção se baseia em um cenário que exige cautela. Externamente, o comitê aponta a incerteza em relação à política econômica nos Estados Unidos, que afeta as condições financeiras globais e exige atenção de países emergentes. No ambiente doméstico, embora a atividade econômica mostre sinais de moderação, a inflação continua acima da meta e o mercado de trabalho segue aquecido, um conjunto que, na visão do BC, sustenta as pressões inflacionárias.

Seguindo as indicações do próprio Banco Central de que a taxa deve permanecer inalterada por um “período bastante prolongado”, a expectativa dos economistas é que a Selic permaneça neste patamar pelo menos até o início de 2026.

O impacto dos juros elevados já se reflete nas projeções econômicas. O Ministério da Fazenda revisou sua estimativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% para 2,3% este ano, atribuindo a redução aos “efeitos cumulativos mais intensos da política monetária contracionista no crédito e na atividade”. O BC utiliza a Selic como seu principal instrumento para controlar a inflação, e suas alterações levam de seis a 18 meses para impactar plenamente a economia.

Confira a análise do Diretor de Produtos da BFC, Enrico Canazart:

Com a Selic mantida em 15%, o crédito bancário tradicional se torna mais caro e restrito. Como a BFC pode posicionar a antecipação de recebíveis e nossas outras soluções como alternativas mais vantajosas para as empresas neste cenário?

ENRICO: A antecipação de recebíveis, que é o nosso principal produto, é uma forma particularmente eficiente de mitigar o peso dos juros num ambiente de taxa Selic elevada. Além de trazer alívio imediato para ciclos operacionais longos, permitindo encurtar o prazo médio de recebimento do negócio, é uma operação que não envolve alavancagem no balanço da companhia, atenuando o efeito bola de neve dos juros em um ambiente de política monetária restritiva. 

Em uma operação performada com bons sacados, o fluxo de pagamento da operação já está efetivamente acertado, o que dá maior tranquilidade ao empresário em comparação a um empréstimo tradicional. Além disso, na BFC, pela nossa estrutura de funding, nós conseguimos realizar essas operações de antecipação sem incidência de IOF, o que nos torna mais competitivos que os bancos e evita custos adicionais em cima dos juros da operação.

Mesmo quando falamos de um empréstimo tradicional, como um capital de giro, é importante ressaltar que há várias formas de mitigar o peso dos juros num ambiente de taxa Selic elevada. Através da nossa instituição financeira, a BFC SCD, temos ampla autonomia para estruturar empréstimos sob medida para o cliente, trabalhando com garantias diversas para mitigar os custos da operação e otimizar condições operacionais. Em suma, há diversas formas de adequar uma operação ao bolso do cliente. Os juros são um fator importante, mas a criatividade na estruturação também exerce um grande papel.

A decisão do Copom foi unânime e a expectativa é de juros altos até o início de 2026. Qual deve ser a mensagem principal da BFC para clientes atuais e potenciais sobre planejamento financeiro a médio prazo?

ENRICO: A economia é inerentemente cíclica, e a realidade incômoda é que nós estamos num ponto restritivo do ciclo. Nesse ambiente, o crédito fica caro, mais empresas entram em dificuldade e a inadimplência aumenta. Isso pode ser constatado nas demonstrações financeiras de virtualmente qualquer banco ou instituição financeira no Brasil. Essa é a notícia ruim, mas a boa é que há diversas maneiras de se sentir mais confortável em meio ao desconforto. 

O planejamento financeiro é crucial para navegar nesses mares revoltos com mais tranquilidade. Nossa orientação é que os gestores foquem bastante na liquidez de suas empresas. É crucial manter um controle meticuloso de custos, embasado sempre em orçamentos periódicos elaborados pelas respectivas áreas da empresa. Priorize tudo aquilo que deve gerar retorno imediato na sua DRE, mas tente também se planejar para não negligenciar investimentos estratégicos. 

Use também o crédito como seu aliado. Procure liquidar linhas de crédito excessivamente caras, como cartão de crédito e cheque especial, com novas linhas mais baratas. Utilize seus ativos estrategicamente, buscando, sempre que possível, operações colateralizadas para reduzir o spread das operações. Sempre que precisar de fôlego no curto prazo, a antecipação de recebíveis pode ser uma ótima aliada. Em vez de esperar 30, 60 ou 90 dias para receber, garanta o capital necessário para pagar fornecedores, investir em oportunidades ou cobrir despesas, evitando recorrer a empréstimos com juros proibitivos.

O comunicado do Copom cita a instabilidade no cenário externo, especialmente nos EUA, como um fator de cautela. Como esses fatores podem impactar nossos clientes exportadores e como nossas soluções podem ser um porto seguro para eles?

ENRICO: A instabilidade externa traz volatilidade ao câmbio e incerteza sobre a demanda internacional. Isso ficou claro na última reunião do Copom, em que o cenário incerto americano foi fator determinante para manter a Selic em 15%. Também ficou evidente no discurso do Jerome Powell, presidente do Fed, que abordou as dificuldades do ambiente macroeconômico americano atual, que enfrenta uma combinação incômoda de inflação persistente e alguns sinais negativos no mercado de trabalho. 

Apesar da inflação persistir acima da meta de 2% nos EUA, o Fed decidiu cortar a meta do Fed Funds rate, a taxa básica americana, em 0,25% nessa última reunião, e o mercado espera mais dois cortes até o final do ano para uma faixa de 3,50-3,75%. Juntando isso a uma expectativa de Selic estável a 15% até o começo de 2026, há uma expectativa de valorização para o real, que já se valorizou quase 16% frente ao dólar esse ano. É o chamado “carry trade”, em que investidores tomam dinheiro emprestado em dólar e alocam em juros brasileiros para se beneficiar do amplo spread entre as taxas de juros dos países. Naturalmente, esse movimento acaba prejudicando os exportadores brasileiros, aumentando o risco que já existia com as tarifas americanas. 

Temos acompanhado a dificuldade desse público exportador, e temos uma solução específica que pode ajudá-los: a antecipação de contratos de exportação. Com ela, a empresa que vende para o exterior pode travar seus recebíveis em reais e receber os recursos de forma rápida e descomplicada. Isso mitiga o risco cambial e, mais importante, injeta capital de giro no negócio imediatamente, sem a burocracia típica das operações de comércio exterior. Em um cenário de incerteza global, oferecer liquidez e segurança é um diferencial poderoso. Nosso time comercial está à disposição para mais informações.

Na percepção da BFC, os gestores devem adiar investimentos ou existem oportunidades para crescer de forma inteligente diante deste cenário?

ENRICO:

O dilema não é ‘gastar ou cortar’, mas sim como otimizar a estrutura de capital para continuar crescendo sem arriscar a insolvência do negócio. O momento exige uma gestão de caixa estratégica.

Não faz sentido travar o crescimento da empresa simplesmente porque os juros estão altos. Isso pode ser muito custoso a médio e longo prazo, especialmente se os concorrentes conseguirem manter seus investimentos apesar dos juros altos. A empresa perderá competitividade, e essa economia hoje com os juros vai embora em dobro lá na frente.

A alternativa preferível, que é onde nós atuamos, é ajudar o empresário a usar o crédito de forma inteligente. Como todo bom remédio, o crédito pode ser muito benéfico para o paciente, mas precisa ser usado com discernimento, na dose certa. De certa forma, se formos estender essa metáfora, diria até que há uma bula do crédito a ser seguida, ou seja, certas recomendações gerais de como potencializar os seus efeitos positivos.

No curto prazo, por exemplo, a antecipação de recebíveis, por evitar alavancagem no balanço e não ter IOF, pode ser muito bem-vinda para manter o fôlego do negócio. Já para projetos de investimento, focados no longo prazo, o capital de giro com garantia pode ser uma ótima alternativa para a empresa não ter que pausar os seus planos de crescimento. Mesmo num ambiente de juros altos, a estruturação inteligente pode ajudar muito. 

Os ativos da companhia e dos sócios, como imóveis e veículos, por exemplo, podem ser usados como colateral para melhorar significativamente o custo e condições da operação. Além disso, mesmo quando a taxa básica da economia está alta, nem toda dívida é igualmente cara. O cheque especial e o rotativo do cartão, por exemplo, são notoriamente caros e, mesmo assim, continuam aparecendo na relação de endividamento de várias empresas Brasil afora. Independentemente da Selic estar a 6% ou 15%, é sempre oportuno tomar um empréstimo mais barato para liquidar esse tipo de débito. 

O simples ato de fazer esse movimento para otimizar as suas finanças abre espaço para investimentos no orçamento da sua empresa. Ou seja, os juros altos podem dificultar a vida do empresário, mas há inúmeras formas de navegar nessa situação para não ter que jogar os planos pela janela. Estamos à disposição para te ajudar com isso.

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