Bancos projetam início da queda da Selic em 2026 e expansão mais moderada do crédito

A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban, realizada entre 5 e 11 de agosto com 20 bancos, revelou que 70% das instituições financeiras acreditam que o ciclo de redução da taxa Selic começará no 1º trimestre de 2026. Até o fim de 2025, a expectativa é de manutenção da taxa em 15% ao ano.
A pesquisa também aponta que o crescimento do crédito em 2025 deve se manter em 8,7%, mas com sinais de desaceleração no segundo semestre. O destaque positivo ficou com o crédito direcionado para empresas, que passou de uma projeção de alta de 10,1% para 10,9%, reflexo de programas públicos de financiamento. Já no crédito livre, houve leve revisão para baixo, principalmente no segmento empresarial.
Outro ponto de atenção é a inadimplência, que deve permanecer em torno de 5% em 2025 e 2026, patamar mais elevado que nos últimos anos, mas estável em relação às expectativas anteriores.
Em relação à economia, a maioria dos bancos projeta um crescimento do PIB de 2,2% em 2025, reforçando a percepção de um cenário menos disperso e com maior previsibilidade.
Por fim, sobre a política monetária nos Estados Unidos, 60% dos entrevistados esperam dois cortes de juros até o fim de 2025, enquanto 20% projetam até três reduções.
BFC COMENTA
A pesquisa mostra que a maioria dos bancos prevê o início do ciclo de queda da Selic apenas em 2026. Como essa expectativa pode impactar as empresas que precisam de crédito nos próximos meses?
À medida que permanecemos no teto do ciclo de juros por um período mais longo, as empresas devem demorar um pouco mais para ver um barateamento no seu custo de crédito. O mercado espera alguma melhora para o próximo ano, o que deve trazer certo alívio, mas os bancos continuam cautelosos, como indica o Relatório Focus do Bacen, que prevê apenas 2,50% de corte até o fim de 2026.
Infelizmente, devido à injeção massiva de liquidez globalmente pelos bancos centrais durante a pandemia e à situação fiscal frágil do país, o cenário atual de inflação e juros altos deve perdurar mais um tempo. Isso quer dizer que os empresários devem manter uma gestão mais cautelosa de sua liquidez, não só para os próximos meses, mas até termos mais visibilidade em questões estruturais da economia.
Certamente haverá uma melhora no custo de uma dívida pós-fixada se a Selic baixa para 12,50% ano que vem, mas não é a mesma coisa que a Selic voltar a 6,00%.
Foi apontada uma desaceleração no crescimento do crédito no segundo semestre de 2025. O que isso significa na prática para os empresários, especialmente os que buscam recursos para manter ou expandir seus negócios?
Na prática, isso indica que a oferta de crédito não vai acompanhar o mesmo ritmo da demanda, especialmente no segundo semestre. Empresários que deixarem para captar recursos de última hora podem enfrentar condições mais restritivas. É um cenário que reforça a importância de antecipar decisões de financiamento e diversificar as fontes de crédito, em vez de depender de um único canal.
A inadimplência deve se manter em 5% nos próximos anos. Esse patamar mais alto exige mais cautela das empresas? Que cuidados os empresários podem adotar na gestão financeira para enfrentar esse contexto?
Definitivamente. A inadimplência é um custo do negócio. Quanto maior a inadimplência, menor a margem. É essencial que o empresário faça uma boa gestão dos seus recebíveis para minimizar esse custo. Há várias maneiras simples de fazer isso:
- Pulverizar as vendas;
- Consultar um birô de crédito (Serasa, Boa Vista, etc) antes de fazer uma venda;
- Conduzir análises cadastrais em bases públicas (Google, ReclameAqui, etc);
- Manter documentações cadastrais dos clientes atualizadas.
Às vezes é melhor abrir mão de receitas no curto prazo para evitar problemas de crédito a médio e longo prazo. As empresas precisam conhecer a fundo os seus clientes e não terem receio de recusar uma venda para um potencial mau pagador.
A projeção para o PIB de 2025 é de 2,2%. Essa estimativa de crescimento pode ser considerada positiva para o ambiente de negócios? O que o empresário deve esperar desse cenário?
Nos últimos anos, a economia brasileira cresceu em torno de 1-1,5% ao ano—com a exceção de 2021, que foi uma recuperação pós-pandemia. Portanto, 2,2% já é um ritmo mais vigoroso. Se levarmos em consideração o cenário macro turbulento, com a taxa Selic a 15% e as tarifas de 50% dos EUA, até parece uma métrica positiva, pois a economia tem se mantido resiliente. Dito isso, não podemos olhar o crescimento do PIB isoladamente. O melhor cenário para o empresário envolve previsibilidade. Ano que vem teremos eleições, por ora sem um claro favorito, o que deve aumentar a volatilidade e incerteza para o cenário pós-2026.
Diante desse panorama de crédito e juros, como a BFC pode apoiar as empresas a manterem liquidez e planejarem melhor seu caixa?
A BFC foi criada para apoiar a liquidez das empresas. Nosso produto principal é a antecipação de recebíveis, que permite aos nosso clientes trazerem os seus fluxos de receita a valor presente a um custo competitivo e sem impacto no seu endividamento. Não importa se você recebe via boleto, depósito em conta ou maquininha de cartão de crédito. Nós conseguimos te ajudar a monetizar qualquer tipo de recebível.
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